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sábado, janeiro 10, 2004

Don DiegoS 

Jogou o Escrete. Aliás, a única coisa que o Escrete sub-23 precisa pegar emprestada do ESCRETE adulto, fora os curingas, chama-se aura. Sim, porque futebol de gente grande, talentos e arte já temos. Falta-nos apenas a aura de campeão, aquele fator camisa, que decide na hora H e separa uma Alemanha de uma Holanda. Por falar em Holanda, ainda somos a Holanda, Hungria ou Tchecoslováquia (que Deus a tenha) do mundo olímpico: talentosos “bi-vice”.

Bom, vamos ao jogo. Comecemos fora de campo. Ricardo Gomes tem me surpreendido. Positivamente. Sei que é um técnico de potencial, mas sempre o vi como um técnico sub-23, “verde” ainda por assim dizer. Mas que nada, Ricardo tem se mostrado lúcido, sereno e inteligente, com uma visão fantástica do jogo e mexidas mais do que pertinentes. E isso ficou mais uma vez patente ontem. O Paraguai entrou em campo com síndrome de Paraguai: um ferrolho generoso no quesito botinadas. Acontece que ninguém sobrevive de ferrolho quando há talento do outro lado. Essa estratégia exaure o time fisicamente, sem falar que existe algo chamado cartão amarelo também.

Como no primeiro jogo, usamos e abusamos das jogadas pelos flancos. Ao contrário do primeiro jogo, começamos a partida com um atleta chamado Fábio Rochemback. Confesso que sempre olhei este jogador com desconfiança e achei um despropósito sua contratação pelo Barcelona na época. Ledo engano. Fábio com a bola no pé é o Vampeta (que Deus o tenha) da sub-23: arma, distribui, chuta, tabela e cai pela ala direita com perfeição. Vale-se muito bem dos seus 4 pulmões para imprimir ritmo ao time. Sem a bola, me lembra o Kléberson do Felipão em 2002: fechou o meio-campo, aliviou os zagueiros e o primeiro volante e deixou o time equilibrado e compacto. Fábio é o pêndulo do Ricardo Gomes.

A defesa brasileira é sólida, aliás, bem mais sólida que a defesa da equipe principal, mesmo porque o Alex deveria ser titular da última. Acho o Dracena um jogador afoito e violento, embora tenha potencial. Uma espécie de Roque Júnior de fraldas. Mas temos o Luisão para substituí-lo. Maxwell ainda não disse a que veio e Maicon será analisado abaixo. A meia cancha esteve equilibrada, apesar de Elano ser um jogador substituível, como inclusive ficou provado ontem. Bom jogador o tal de Wendell. Paulo Almeida é o Gilberto Silva da história. Se vai bem, você nem nota que está em campo. Robinho é o craque do time, o fator de desequilíbrio. Ontem não foi tão bem, mas se evoluir a cada ano como evoluiu no último e ganhar um pouco mais de corpo, colocará o Denílson no bolso. Fechando o ataque, acho o Daniel Carvalho mais jogador que o bom Dagoberto. Um adendo: quantos destes jogadores aparentam de fato ter menos que 23 anos?

Enfim, Ricardo Gomes, apesar de ter armado uma pizza “meia peixe, meia cruzeiro”, montou uma equipe à imagem e semelhança do Santos: velocidade, toque de bola envolvente, tabelas vistosas, órfã de um matador e “Diegocentrista”. Sim, porque o Escrete jogou quando o primeiro Don Diego da noite resolveu jogar. O segundo foi Maicon, que apesar de não ter me convencido se está mais para Cafu ou para Vítor, recebeu o espírito do Pibe no lance do terceiro gol. Guardando as proporções de 1000 pra 1 e lembrando que Maicon apenas se travestiu de Maradona. O leitor não deve esperar uma fila por jogo agora.

Comparar gerações é inevitável. A atual é excepcional. Por 51 dias (nasceu em 08/11/1980) Luís Fabiano não pode fazer parte do escretinho. De uma forma geral, este time é tão bom ou melhor que a geração de 96. Com a diferença que naquela época a Argentina tinha igualmente uma safra de ouro e agora os portenhos vivem nas vacas magras, uma entressafra por assim dizer. Quantos aos eventuais 3 curingas que Luxemburgo dispensou em 2000, há uma perfeita harmonia entre os craques que temos e querem jogar versus a necessidade do time. Roberto Carlos é o deus da lateral, Marcos ou Dida seriam muito bem-vindos (não confio no tal de Gomes) e Ronaldo Nazário é Ronaldo Nazário. Se o lado psicológico for bem trabalhado e a pressão por nunca termos vencido for posta para escanteio, temos tudo para vencer. Por fim, deixo para os leitores, como sobremesa, a pérola de Arnaldo Cezar Coelho sobre uma eventual dificuldade da AFA para demitir Bielsa por causa da pesada multa rescisória: “Ué, é só demitir e não pagar, todo mundo faz isso”.





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