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quarta-feira, junho 23, 2004

O campeão azarão 

Parte da imprensa colombiana atribui ao escrete canarinho o esvaziamento da inócua Copa América de 2004 no Peru. Segundo alguns jornalistas, Parreira atendeu aos pedidos de dispensa (nas entrelinhas, desculpas esfarrapadas) das estrelas pentacampeãs e a isso teria se seguido um efeito dominó. Peça deste dominó, a seleção colombiana não contará com suas principais figuras para enfrentar o anfitrião Peru, a incógnita Venezuela e a fraca Bolívia (imaginem o time B da Bolívia) na chave A da competição internacional mais antiga do planeta. O raciocínio do técnico Reinaldo Rueda é linear: em 2001, a Colômbia venceu sua primeira Copa América mas não foi ao mundial da Ásia. Desta feita deverá tentar o contrário.

Pingando no fundo do poço (subtítulo)

Brincadeiras à parte, a Colômbia já pingou no fundo do poço e agora tudo é lucro. A equipe viu Maturana ser sacado e, sob a batuta de Rueda, está em ascensão. Após seguidos vexames nas eliminatórias, onde acumula duas vitórias, um empate e quatro derrotas, os colombianos surraram impiedosamente o combalido Uruguai por 5x0 e agora são os oitavos na tabela. Domesticamente as coisas vão bem, obrigado: Once Caldas e América de Cali despacharam na Libertadores os três melhores times brasileiros de 2003, sendo que o Once tenta ainda um título inédito contra o Boca Juniors de Tevez e companhia. Pra quem gosta de olhar pra frente, a Colômbia é a atual medalha de bronze do Mundial sub-20 vencido pelo Brasil. Enfim, o pior já passou.

Além do efeito manada citado acima, Rueda alega a coincidência das finais das ligas Argentina, Colombiana (enfretam-se Medellin e Nacional) e da própria Libertadores como fator limitante das suas opções de convocação. Sem Angel, Córdoba, Mario Yepes, Perea e Vargas, os dois últimos defendendo o Boca nas finais da Libertadores, o treinador terá em Pacheco (Atlante-MEX), Oviedo (America-MEX), Freddy “Totono” Grisales (Atlético Nacional), no artilheiro Sergio Herrera (America de Cali) e no folclórico goleiro Henao (Once Caldas) seus pontos de apoio na equipe. A pré-convocação anunciada reflete uma saudável mescla de valores que atuam na Colômbia, destaques da sub-20 e um ou outro “estrangeiro”.

Reinaldo Rueda terá a desafiadora missão de fazer dessa mescla algo competitivo. Há pouco no cargo, Rueda dirigiu o Taluá(quem?), o Cali e o Independiente Medellín, clube que sob sua direção eliminou o Grêmio na Libertadores de 2003. Pela seleção, foi campeão do torneio de Toulon com a equipe menor.

A tática varia desde que o novo treinador assumiu. Em casa, o 4-4-2 clássico é empregado, com laterais comedidos no que se refere a atacar. Como visitante, Rueda se acautela e adota um 4-5-1, com três armadores e um atacante isolado na frente.

Isso posto, as vantagens colombianas residiriam exatamente na vontade extra que os jogadores convocados, de olho no grupo que joga as eliminatórias, deverão demonstrar, na esperança que ronda os promissores atacantes convocados, e na excelente fase vivida pelo dono da camisa 1, Juan Carlos Henao. Fora isso, a Colômbia possui a confiança de quem defende o título e Rueda conta, até segunda ordem, com um ambiente livre de pressão para trabalhar. Friso o “até segunda ordem”. O pessoal é meio estourado lá na Colômbia.

Por outro lado, o sistema defensivo tem demonstrado fragilidade, o entrosamento do grupo é zero, seja pelo trabalho incipiente de Rueda, seja pelo grupo ser uma espécie de catadão, e também pesa negativamente o fato da Colômbia não possuir peças de reposição em abundância para suas figuras principais.

Um goleiro de lycra. (subtítulo)

Certamente os colombianos sentirão saudades do seu destaque na última edição da Copa América. Aristizábal foi artilheiro em 2001 e hoje desfila sua arte no Coritba. Talvez veja o torneio de julho pela televisão. Mas a mudança no destaque do time ilustra com perfeição o panorama atual da seleção. Com certa tradição em revelar bons goleiros como Higuita-Escorpião, Navajo Montoya, Córdoba e Móndragón, a estrela colombiana deste grupo é mesmo Henao. Considerado pelo esférico Chilavert o melhor goleiro das Américas no momento, Henao usou de defesas e pontapés para anular Luís Fabiano e Gustavo Nery nas semifinais da Libertadores. Junto com Valentierra (ausente deste grupo), é o responsável pela maior surpresa da Libertadores. Ágil, seguro, confiante e catimbeiro, Henao pode fazer a diferença num momento de pressão, o que não dverá ser raridade no jogo contra os donos da casa, por exemplo. Numa Copa América tão esvaziada, só pelo estilão do homem já vale a pena conferir.

Chances (3 estrelas)

A Colômbia não está priorizando a competição. Em fase de reestruturação e sem seus principais jogadores, as quartas de final já estariam de bom tamanho. Um eventual bicampeonato mereceria o rótulo de zebra. Jogando na chave do anfitrião Peru, a equipe deve disputar o segundo lugar com a supreendente Venezuela. Dessa forma, vislumbro 3 possibilidades para os comandados de Rueda: em segundo do grupo, poderia pegar o México, enquanto como melhor terceiro o Brasil seria um adversário indigesto. Caso seja o segundo melhor terceiro (confuso, eu sei), a Colômbia medirá forças com o próprio Peru novamente. Os astecas parecem ser a opção mais palatável.

Para consolar a Colômbia, uso como exemplo um torneio de verdade. Tanto a Dinamarca em 96 quanto a Alemanha em 2000 defendiam o título e morreram na primeira fase da Euro.

E para animar os fãs da seleção colombiana, faço um convite: dia 27/06 a equipe fará um amistoso de preparação contra a Argentina em Miami (o estádio deve lotar). Os fanáticos certamente darão um jeito achar um canal de TV, uma estação de rádio ou mesmo um site para acompanhar. Vale para conhecer melhor um grupo com o qual talvez nem mesmo o treinador esteja familiarizado por completo.

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