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quarta-feira, julho 21, 2004

Pato 1 x Henao 1 - Copa América 

Em minha coluna sobre a seleção da Colômbia antes do início da Copa América eu disse que na hora “H” brilharia a estrela de Henao e seu país teria nele o diferencial da equipe. Já em minha coluna sobre Colômbia x Costa Rica eu disse que a equipe cafetera vinha progredindo, finalmente aliando alguma objetividade à sua conhecida técnica e que se continuasse evoluindo poderia complicar a vida dos platinos. Pois bem, quero travestir-me de Fernando Henrique e dizer:”esqueçam o que eu disse”. Pronto, falei.
 
Esse time da Colômbia tem um pé na África. Todo mundo dá caneta, tem chapéu, tem toque de bola refinado. Só não tem chute a gol, gol e resultado. Um estilo de jogo que chega a enervar por vezes. Mas como a Argentina passa por uma “entresafra” e gosta de cruzar umas bolas pelo meio da defesa, a partida até que começou equilibrada. De modo geral o jogo foi morno demais, regra neste torneio: a Argentina forçando e levando vantagem no jogo aéreo e a Colômbia brincando de não chutar no gol. Tanto é que a melhor chance colombiana na primeira etapa foi num recuo muy amigo que explodiu no peito do Pato.
 
Como alguém tinha que ganhar o jogo, a Argentina decidiu abrir o placar, mas da maneira mais inesperada possível: falha de Henao, que vinha fazendo um bom torneio. Ingrata essa função de quem veste a número 1. Em vantagem no placar, a mediana Argentina tomou as rédeas da partida. Mediana porque El Loco parece ter aposentado o clássico “toco e me voy”. Mediana porque, bons, mas bons mesmos, só Carlitos Tévez e o apache Sorín. O lateral-ala-volante-meia-centroavante me lembra muito aquele desenho animado, o Droopy: está em todo lugar a todo instante. Qualquer dia Sorín irá cobrar um escanteio para si mesmo e cabecear para as redes. Os demais jogadores não tem brilho algum, incluindo Killy González, versão atacante do Simeone e o Lucho,  um Ortega grande. Quem sabe Pablo Aimar possa vir a conferir alguma criatividade à equipe.
 
Se eu fosse o Reinaldo Rueda teria dado um eletrochoque em cada jogador colombiano no intervalo. Nunca tinha visto uma equipe aceitar tão passivamente uma derrota em semifinal de Copa América. Isso se traduziu no primeiro chute, mas chute de verdade mesmo, dado ao gol argentino: batiam 38 do segundo tempo. A Colômbia é uma espécie de “anti-paraguai”: fica com a bola, tem técnica, firula e repete de ano em matéria de objetividade. Deve ser por isso que, mesmo sendo muito menos técnico, o Paraguai é o 4º nas eliminatórias e os cafeteros, oitavos.
 Por fim, a única utilidade de termos Eurocopa e Copa América tão próximas uma da outra é a oportunidade de compararmos os estilos de jogo. De maneira geral, o jogo é pegado na Europa, bastante físico. Mas só por aqui vemos a pancadaria institucionalizada. Quase todo lance tem cotovelo sobrando, coice, pisada maldosa e afins. Muitas vezes se esquece da bola em noma da catimba, da violência e da suposta malícia. Ontem não foi diferente. Mesmo a sonolenta Colômbia confundiu gana e determinação com cotovelada e coice. Determinação teve o Once Caldas de Henao na Libertadores. Henao este que agora vê empatada sua disputa pessoal com Pato Abbondanzieri  em 2004.   

domingo, julho 18, 2004

Sem milagres dessa vez 

Enfrentaram-se Colômbia e Costa Rica para ver quem teria o desprazer de enfrentar a Argentina nas semifinais da Copa América. Em partida movimentada, a Costa Rica esbanjou fôlego mas sucumbiu à técnica mais refinada dos colombianos, desta feita finalmente acompanhada de alguma objetividade.

Quem esperava uma teta se surpreendeu. Classificada às quartas de final por meio de um milagre (gols aos 40 e 46 do segundo tempo contra o Chile), a Costa Rica decidiu não se dar por satisfeita e começou a partida sufocando uma Colômbia que parecia não entender muito bem o que se passava. “Mas como assim? Chegaram aqui no susto e pretendem ganhar da gente?” pareciam se perguntar os atuais campeões. Ao embolar a meia cancha e imprimir velocidade ao jogo, os ticos tomaram a iniciativa da partida, mas quando não esbarravam em suas próprias limitações, batiam num paredão chamado Juan Carlos Henao, que como sempre transmitia a segurança necessária à retaguarda cafetera.

Passada a euforia inicial, prevaleceu o toque de bola e a técnica mais apurada dos comandados de Rueda, liderados mais uma vez por Patiño e Moreno. Os colombianos tinham o domínio territorial e levavam mais perigo, de modo que o gol era uma questão de tempo. Mas na verdade foi uma questão de deja vu. Da mesma forma que ocorrera contra Paraguai, Brasil e Chile, os costarriquenhos sofreram outra pane no final do primeiro tempo e tomaram dois gols em 6 minutos. E como a Costa Rica já tinha utilizado seu “vale-milagre” contra o Chile, a fatura estava liquidada.

Na segunda etapa o técnico colombiano da Costa Rica bem que tentou injetar algum ânimo em seus comandados, mexendo em duas peças no meio e uma no ataque. Mas vontade apenas não ganha jogo. A Colômbia continuou mais insinuante com suas tabelas velozes pelo meio que não funcionaram contra o ferrolho boliviano, não repetiu os erros cometidos contra o Peru, e com um futebol finalmente objetivo soube segurar a vitória. A equipe tem demonstrado uma evolução significativa e se isso se confirmar na terça-feira os cafeteros poderão, sim, complicar a situação dos argentinos e quem sabe chegar à segunda final consecutiva. Já aos comandados de Jorge Luis Pinto restam o consolo da classificação inesperada às quartas e a lição de que milagres, por definição, não socorrem todos os dias aqueles que duro labutam.

sábado, julho 10, 2004

Viúva do Nedved 

O jogo Colômbia x Bolívia foi sofrível. Se por uma dessas fatalidades da vida o leitor calhar de ver a Sportv reprisando a partida, mude de canal com a mesma velocidade com que o diabo fugiria da cruz. O jogo foi um manifesto contra o futebol.

A equipe da Colômbia não é de todo má. Só não soube optar pela tática correta contra os 98 jogadores verdinhos trancafiados em sua área. Ora, reza o óbvio ululante que contra um ferrolho existem algumas recomendações a seguir: 1. Não prenda a bola, troque passes rápidos; 2. Não afunile as jogadas, explore os flancos do campo, 3. Desista de entrar tocando na área adversária, arrisque disparos de longa distância. E o que fizeram nossos amigos cafeteros, em especial no primeiro tempo? Resumindo em três itens: prenderam a bola, afunilaram as jogadas pelo meio e tentaram entrar tocando na área boliviana exaustivamente. Dessa forma, conseguiram criar a fantástica quantia de zero chances agudas na primeira etapa.

Os bolivianos são esforçados. Mais do que isso, têm uma aguçada noção de autocrítica. Sabem que não sabem jogar futebol. Socrático isso. Com muita transpiração e nenhuma inspiração, compactaram-se no campo de defesa à espera de um erro colombiano para, quem sabe, possivelmente, arriscar, talvez, um contra-ataque. Numa dessas ocasiões, Aranda chegou a exigir boa defesa de Henao, que é muito bom goleiro e bocejou durante grande parte do jogo. Quando não chuta a bola para onde o nariz aponta, os jogadores do altiplano entregam a bola ao esférico Gutiérrez. O cara é um boi. Talvez o chamem de Gutiérrez porque já existe um Botero na equipe, o atacante Joaquín. O Assaf, da SPORTV, comparou Gutiérrez ao Petkovic. Talvez pelo branco dos olhos de ambos.

Foi uma peleja de bastante contato físico. Na segunda etapa, como era de se esperar, o plantel boliviano demonstrou o cansaço que acomete os retranqueiros contumazes. Mesmo com mais espaço, os comandados de Rueda continuaram insistindo nos mesmos erros da primeira etapa. A equipe tem toque de bola, tinha posse de bola, mas não era incisiva. O centroavante Herrera só recebeu bolas de costas, o bom Moreno prendeu a redonda em demasia e apenas o habilidoso Patiño se destacou. Na Bolívia não houve destaques individuais. Mas considerando o que as demais equipes, Brasil incluso, têm apresentado, a Colômbia não está tão abaixo assim.

O erro da Colômbia foi querer homenagear os trinta anos da laranja mecânica ou a Argentina de 94. Tentaram entrar com a bola dentro do gol. No finalzinho partiram para o desespero e acharam um gol, o que não muda em nada a análise da partida. O empate sem gols teria refletido de maneira mais justa um jogo entre uma equipe limitada e covarde e outra sem um mínimo de objetividade. Rueda, o técnico colombiano, saiu satisfeito porque a equipe demonstrou entrega e mística, seja lá o que isso quer dizer. Bom pra ele. Talvez seja minha culpa. Na vida tudo é relativo, tudo depende da sua expectativa. Talvez eu tenha visto muitos jogos da Eurocopa. Foi muita República Tcheca pro meu caminhãozinho. É culpa do Nedved, do Poborsky e do Baros então.

terça-feira, julho 06, 2004

Mais longe do Brasil 

Equipe marca no começo da partida, se segura atrás no restante do jogo, explora o contra-ataque e sai vencedora. Calma, não é a Euro 2004. Mas parece que os colombianos assimilaram rapidinho algumas lições deixadas na competição que consagrou os gregos no domingo passado.

Em jogo de tempos distintos, a Colômbia se vingou da derrota em casa pelas eliminatórias e bateu a Venezuela por 1 x 0 no estádio Nacional de Lima. Ao contrário do que rezaria a tradição, a partida mostrou uma Venezuela tomando a iniciativa do jogo e uma Colômbia postada mais atrás esperando a chance para o bote ideal. Mesmo assim, os atuais campeões foram mais incisivos no primeiro tempo e suportaram a velocidade e a pressão dos “vinotintos” no segundo.

Ora, mas se a partida foi equilibrada e cada equipe predominou por 45 minutos, o empate seria o resultado mais justo, certo? Errado. Quem leu a análise aqui feita da seleção colombiana sabe que o fiel da balança para a equipe amarela pode ser o goleiro Henao, agora campeão da América. Dito e feito. Quando se esperava que a Venezuela empatasse o jogo, Henao fez a diferença com três intervenções decisivas. Ainda assim, os venezuelanos choram o gol de Morán, supostamente mal anulado por um tal de Márcio Rezende de Freitas. Como costumo dizer, erros da arbitragem são praticamente uma variável do futebol e dessa forma o resultado permanece justo. Venceu a equipe mais eficiente.

O destaque da partida foi o jovem Moreno. O meio-campista colombiano teve de bater duas vezes a penalidade que ele mesmo sofreu. Habilidoso e rápido, formou boa dupla com o também talentoso Ferreira na meia cancha. Pelo lado venezuelano, destaque para o meia Arango.

O técnico vencedor, Reynaldo Rueda, disse que a partida foi parelha e previu um torneio bastante equilibrado. Faço minhas as palavras dele. A Copa América deverá ser muito nivelada este ano. Por baixo.

Bom, níveis à parte, a Colômbia tem motivos para celebrar. Em se confirmando a lógica, a vitória contra Venezuela foi importante na medida em que deixa a equipe em condições de se classificar em segundo no grupo e dessa maneira se livrar dos campeões do mundo na quartas de final. Mas como a lógica ainda não deu o ar da graça esse ano (nesse momento temos Bolívia 2 x 0 Peru), reflitam sobre quem seria a Grécia da Copa América (antepenúltimo “favorito”): Equador ou Costa Rica? Façam suas apostas...

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