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domingo, junho 04, 2006

"Contagem regressiva"- resenha do livro do PVC 

Faltam 109 horas e 10 minutos para o início da 18ª Copa do Mundo da FIFA. Não sei como vocês se sentem, mas eu não agüento mais esperar. As últimas 109 horas e 10 minutos de quatro anos de espera são as mais insuportáveis. As ligas européias já terminaram faz tempo, até o campeonato brasileiro já foi interropompido. Se você, como a gente na Trivela, não agüenta ler sobre as madeixas de Ronaldinho, as bolhas de Ronaldo, a balada dos craques brasileiros, as mulatas de Weggis ou ouvir jornalista pedindo pro Mineiro explicar que não é mineiro pela 109ª vez, você precisa de um livro pra matar o tempo até sexta-feira. E nesse caso, nada melhor do que um livro temático e escrito por um “louco por futebol”.

A proposta de Paulo Vinícius Coelho, o PVC, em “Os 50 maiores jogos das copas do mundo” é mostrar jogos que nós já estamos cansados de debater, mas sob uma perspectiva diferente. Justamente a perspectiva que normalmente ignoramos quando discutimos esses jogos históricos: o lado menos famoso, o outro lado. PVC faz isso por meio de depoimentos e testemunhos de jornalistas argentinos, italianos, ingleses, holandeses ou alemães. De quebra, não resiste e acaba discutindo tática e mostrando a evolução de determinados esquemas ao longo da história dos mundiais. Os critérios usados para escolher e ordenar os tais jogos foram qualidade técnica, importância do confronto, carga emocional, fatos inusitados ou peculiaridades estatísticas.

É interessante observar que os três melhores jogos listados ocorreram na copa de 70, enquanto mundiais mais obscuros como 94 e 90 só dão as caras na lista na 25ª e 30ª posições, respectivamente. O livro é rico em detalhes e consegue trazer novidades até sobre jogos como Brasil x Uruguai em 50, Alemanha x Hungria em 54 ou Itália x Brasil em 82. O autor nos presenteia com uma leitura, leve, dinâmica e agradável. Um leitor louco por futebol devora as 137 páginas da obra em duas horas. Enquanto o Brasil enfrenta o time sub-20 do Fluminense, por exemplo.

O livro distrai mas dá suas furadas também. A proposta inicial, de mostrar o outro lado da moeda através de depoimentos de jornalistas estrangeiros só é bem explorada em alguns jogos. Também se nota que as análises táticas às vezes deixam a desejar no quesito profundidade, em se tratando de PVC. Por fim, a revisão do livro é sofrível, com erros banais no próprio texto, nas fichas técnicas das partidas e até mesmo nas ilustrações que mostram os esquemas táticos. Por exemplo, em várias partidas os jogadores que entraram no decorrer dos jogos não são listados na ficha técnica. Por fim, como em todo ranking, há margem para questionamentos. Partidas antológicas como Camarões x Inglaterra, em 90 ou Argentina x Romênia em 94 ficaram de fora, enquanto entraram na lista Argentina x Brasil (90) e Polônia x União Soviética (82).

A título de curiosidade, o mundial que mais aparece na lista é o de 82, com seis partidas. Já a copa de 1938 não contribuiu com um jogo sequer. Entre as seleções, a liderança disparada fica com o Brasil: 18 aparições. Curiosamente, as finais de 58 e 62 não são contatadas por PVC. Enfim, o livro é uma boa opção enquanto não conseguimos saber quantos dos jogos de 2006 serão dignos de compor um ranking desse tipo. Lê-lo ainda é bem melhor do que ouvir jornalista dizendo que a verdadeira razão do corte do Edmílson foi o atrito com o Adriano no treino.

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