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domingo, abril 22, 2007

“Futebol nos jogos pan-americanos” - especial Trivela 

A 82 dias do início da 15ª edição dos jogos Pan-americanos, o futebol ainda vê sua participação cercada de polêmica, confusão e indefinição. O intuito deste especial é, na medida do possível, esclarecer para o leitor da Trivela um pouco da história do esporte nos jogos, os principais destaques e o que esperar da competição que será jogada pela primeira vez no Rio de Janeiro.

História
O futebol de campo masculino faz parte da competição desde sua primeira edição, disputada em Buenos Aires, em 1951. Até 1963 o torneio foi disputado em formato de liga, sem final ou disputa de 3o lugar. Em 1971 testou-se uma fase inicial de grupos seguida de mata-mata. Já em 1983 a excentricidade deveu-se ao fato da fase final ter sido disputada por apenas três equipes.

A primeira edição foi boicotada pelos brasileiros (que só debutaram na 3ª edição) e vencida pelos donos da casa. De lá pra cá os platinos venceriam mais 5 edições, o que faz dos hermanos os maiores vencedores da história do torneio. O Brasil vem atrás com quatro conquistas, seguido de México (3), EUA e Uruguai, que ganharam uma vez cada. O leitor bom de conta irá se perguntar por que temos 15 campeões em 14 disputas. Vale elucidar que a competição de 1975 teve dois campeões, México e Brasil. Ao menos se nota que a bagunça não vem de hoje. Os argentinos são os atuais campeões, graças à vitória por 1x0 contra o Brasil, gol de Maximiliano Lopez, em Santo Domingo 2003.

Desdém
Quem lê o parágrafo anterior presume que haja uma grande rivalidade entre Brasil e Argentina e que consequentemente os dois vizinhos levam o que têm de melhor para esse tipo de disputa. Ledo engano. A grande verdade é que o torneio de futebol é nitidamente desprezado e visto com aborrecimento por boa parte dos participantes. Exemplo disso é o fato de brasileiros e argentinos terem levado suas respectivas equipes sub-20 para Santo Domingo (e ainda assim terem chegado à final), apesar do regulamento prever equipes sub-23. Por sinal, os argentinos nem foram liderados pelo treinador da seleção sub-20, que na ocasião acompanhava o plantel sub-17, na Finlândia.

A seriedade com que a maioria dos países encara a competição também se traduz pelo terceiro lugar de Curaçao em 55, o 4º do Haiti em 59, a medalha de prata de Bermuda em 67 e os vice-campeonatos de Guatemala (83) e Honduras (99). Já a edição de 91, quando os norte-americanos se sagraram campeões, assistiu a um boicote generalizado dos países sul-americanos.

Destaques
Em termos individuais, a disputa também revela uma série de nulidades, acompanhada de alguns jogadores de renome. Gérson, o canhotinha de ouro, jogou ao lado de jovens atletas de equipes do Rio de Janeiro em Chicago-59. Ficou com a prata, ao perder para a Argentina no saldo de gols. A edição seguinte, disputada em São Paulo, assistiu ao primeiro título do Brasil, que exibia em suas fileiras Carlos Alberto Torres e Jairzinho. Em Indianápolis-87 o Brasil conquistou seu 4º (e último) ouro com um time que contava com um trio que seria tetracampeão da Copa do mundo 13 anos depois: Taffarel, Ricardo Rocha e Raí. O título ianque de 1991 foi conquistado pelo goleiro Friedel, Cobi Jones e Cláudio Reyna. Já em Mar del Plata-95 os donos da casa lançaram mão de Zanetti, Ortega, Crespo e Sorin para bater os mexicanos nos pênaltis e ficar com o ouro. Por fim, em Santo Domingo 2003 os brasileiros tiveram o goleiro Fernando Henrique, Coelho, Diego Souza, Dudu Cearense, Vagner Love e Dagoberto.

Edição de 2007 – o caos

A competição de futebol masculino de campo será disputada entre 14 e 29 de julho, no Rio de Janeiro. A edição de 2007 tem sido polêmica antes mesmo de a bola rolar e esteve seriamente ameaçada de não acontecer. A começar pela (in)definição do regulamento.

Historicamente a competição é disputada por equipes sub-23, com a permissão para que até 3 jogadores acima dessa faixa etária participem. Para o Rio-2007, no entanto, o comitê organizador definiu que a competição será disputada por equipes sub-20 (os três “curingas” continuam valendo). Tal alteração se deu devido às “circunstâncias especiais do momento e a complexidade do calendário internacional do esporte de futebol”. Detalhe um: a definição foi divulgada em 29/3, a menos de quatro meses do início da competição. Detalhe dois: as datas do Pan concidem com a disputa do mundial sub-20, que será jogado entre 30 de junho e 22 de julho, no Canadá.

A decisão desagradou a gregos e troianos e teve sérias implicações. Em primeiro lugar, contraria a determinação da Conmebol, que já havia determinado desde o ano passado que a disputa se daria entre equipes sub-17. Há também a questão da sobreposição com o Mundial sub-20, que implicou na recomendação, por parte da Concacaf , de que Costa Rica, Panamá, México e Estados Unidos simplesmente boicotassem a competição. As quatro seleções acataram a recomendação e não participarão do Pan. A Concacaf já anunciou os substitutos: Jamaica, Haiti, Honduras e El Salvador.
Além disso, agora Conmebol e Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana) estão em conflito devido ao número de vagas destinadas aos sul-americanos. A Odepa limitou a quatro os representantes da Conmebol. Ocorre que o regulamento do Sul-Americano sub-17 rezava que os seis melhores colocados estariam automaticamente classificados para o Pan. Com isso, Venezuela e Equador correm o risco de ficar de fora. Ainda de acordo com a entidade, a disputa do torneio por seleções sub-17 significa “falta de seriedade”.
Por fim, a disputa sub-20 descaracteriza a competição, segundo a Odepa, uma vez que o objetivo seria ter em campo boa parte dos atletas que estarão nos jogos olímpicos do ano seguinte. Por isso a recomendação da Odepa era que o torneio fosse jogado por equipes sub-22. Para completar a salada, o Brasil e os demais sul-americanos jogarão com seus times sub-17. Diante de tamanha algazarra a Odepa anunciou que só não cancelou a competição de futebol porque os jogos serão disputados no Brasil. Segundo a organização, Pan-americano no Brasil sem futebol “é como festa sem música”. Pelo visto, teremos mesmo um samba do crioulo doido.

Por essas e outras, o site oficial do evento ainda não informa os participantes e chaves da disputa. Por mais surreal que possa parecer, a programação oficial informa que no dia 15/7, às 16h00, será realizado “o jogo 2” no Centro de Futebol Zico. Ah, sim, sabe-se, pelo menos, que os jogos serão disputados nos estádios do Maracanã, João Havelange, Miécimo e CFZ.

Em meio a este salseiro, a CBF divulgou no dia 17 de abril a comissão técnica responsável por levar o Brasil a sua 5ª conquista. O escolhido é Lucho Nizzo, ex-treinador dos juniores de Botafogo, Fluminense e da seleção da Malásia. Lucho na verdade substituirá Edgar Pereira, campeão sul-americano sub-17, que decidiu treinar os juniores do Fluminense (o clube exigiu exclusividade). O mais provável é que Nizzo utilize a base da seleção sub-17 campeã recentemente no Equador, com destaque para Lulinha, artilheiro do torneio com 12 gols. Além disso, o treinador poderá contar com três jogadores acima de 20 anos. Romário, que não poderia jogar nem um mundial sub-40, chegou a afirmar que aceitaria um eventual convite. É desnecessário dizer que nada disso está definido.

Mas nem só de futebol masculino de campo viverá o Pan. Teremos em 2007 a terceira edição do torneio feminino. A seleção brasileira defenderá o título conquistado em 2003. Apesar do assombroso quadro que assola o futebol feminino no país, pelo menos aqui o técnico Jorge Barcellos já anunciou uma primeira convocação de 25 atletas, das quais nenhuma atua no exterior. Após análise deste primeiro grupo, teremos mais duas convocações, quando serão chamadas atletas que atuam fora do país.
Além do futebol feminino teremos a estréia do futsal, modalidade onde o Brasil tentará recuperar a hegemonia abalada pelo terceiro lugar no último Mundial, em 2004, e um vice-campeonato da Copa América de 2003. O Brasil sediou o sul-americano da modalidade em 2002 e com o Pan pretende pleitear a inclusão do futsal no programa olímpico. Os jogos serão disputados no Riocentro, Pavilhão 3B. O craque Falcão é presença certa.
Por fim, o futebol fará parte também dos jogos Parapan-americanos, através das modalidades “futebol de 5”, disputado por cegos, e “futebol de 7”, onde atuam jogadores com paralisia cerebral.

Os leitores/loucos por futebol que se animaram com a organização do torneio do Pan-2007 e estão ávidos por ingressos deverão aguardar até o dia 27 de abril, data estimada para que a página www.ingressosrio2007.org.br esteja no ar. No caso do torneio masculino de campo, os preços variam entre R$10 e R$80. Com sorte vocês ainda pegam o “gol 1000” do Baixinho, que aliás seria um belo símbolo para o torneio deste ano.



Edições
Masculino
Ano
Sede

Final

Decisão 3o/4o
Ouro
Placar
Prata
Bronze
Placar
4o lugar
1951
Buenos Aires
Argentina

Costa Rica
Chile

Venezuela
1955
Cidade de
México
Argentina

México
Curaçao

Venezuela
1959
Chicago
Argentina

Brasil
EUA

Haiti
1963
São Paulo
Brasil

Argentina
Chile

Uruguai
1967
Winnipeg
México
4–0prorrogação
Bermuda
Trinidad & Tobago
4–1
Canadá
1971
Cali
Argentina

Colômbia
Cuba

Trinidad & Tobago
1975
Cidade do México
MéxicoBrasil
1–1Prorrogação

Argentina
2–0
Costa Rica
1979
San Juan
Brasil
3–0
Cuba
Argentina
2–0
Costa Rica
1983
Caracas
Uruguai

Guatemala
Brasil


1987
Indianapolis
Brasil
2–0Prorrogação
Chile
Argentina
0–0(5–4)pênaltis
México
1991
Havana
EUA
2–1prorrogação
México
Cuba
1–0
Honduras
1995
Mar del Plata
Argentina
0–0(5–4)pênaltis
México
Colômbia
3–0
Honduras
1999
Winnipeg
México
3–1
Honduras
EUA
2–1
Canadá
2003
Santo Domingo
Argentina
1–0
Brasil
México
0–0(5–4)pênaltis
Colômbia
2007
Rio de Janeiro






Quadro de medalhas
País
Ouro
Prata
Bronze
Argentina
6 (1951*, 1955, 1959, 1971, 1995*, 2003)
1 (1963)
3 (1975, 1979*, 1987)
Brasil
4 (1963*, 1975, 1979, 1987)
2 (1959, 2003)
1 (1983)
México
3 (1967, 1975*, 1999)
3 (1955*, 1991, 1995)
1 (2003)
EUA
1 (1991)

2 (1959*, 1999)
Uruguai
1 (1983)


Chile

1 (1987)
2 (1951, 1963)
Cuba

1 (1979)
2 (1971, 1991*)
Colômbia

1 (1971*)
1 (1995)
Bermuda

1 (1967)

Costa Rica

1 (1959)

Curaçao


1 (1955)
Guatemala

1 (1983)

Honduras

1 (1999)

Trinidad & Tobago


1 (1967)
* = país-sede
Feminino
Ano
Sede

Final

Decisão 3o/4o
Ouro
Placar
Prata
Bronze
Placar
4o lugar
1999
Winnipeg
EUA
1–0
México
Costa Rica
1–1(2–3)pênaltis
Canadá
2003
Santo Domingo
Brasil
2–1prorrogação
Canada
México
4–1
Argentina
2007
Rio de Janeiro






Quadro de medalhas
Seleção
Ouro
Prata
Bronze
Brasil
1 (2003)


EUA
1 (1999)


México

1 (1999)
1 (2003)
Canadá

1 (2003)

Costa Rica


1 (1999)

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