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quinta-feira, agosto 30, 2007

“Relembre o jogador: Liam Brady – Chippy” 

Quando pensamos em um jogador irlandês tendemos a imaginar um atleta “raçudo”, viril, cintura dura, afeito ao jogo físico e aéreo. Pois bem, Liam Brady em nada lembra este estereótipo. Meia canhoto habilidoso, Liam fez história no Arsenal e na seleção irlandesa.

Nascido em Dublin no dia 13 de fevereiro de 56, William Liam Brady é oriundo de uma família boleira, já que seu tio e dois irmãos (Pat and Ray) também jogaram profissionalmente. Aos 15 anos mudou-se para Londres e profissionalizou-se dois anos depois, pelo Arsenal, estreando em partida contra o Birmingham City.

Mas foi no final da década de 70 que o elegante jogador alcançou seu apogeu pelos Gunners. Municiando os atacantes Malcolm Macdonald e Frank Stapleton, Liam levou o time londrino a três finais seguidas da FA Cup, entre 78 e 80. Com passe milimétrico, deu a assistência para o gol do título em 79, em lance no último minuto contra o Machester United. O jogo ficou conhecido como “Brady’s Final”. Essa performance fez com que Brady fosse eleito o jogador do ano de 1979 pela Associação de Jogadores Profissionais. Em 80 quase transferiu-se para o Manchester pelo então valor recorde de 1.5 milhão de libras, mas recusou a proposta. Na mesma temporada, levou os Gunners ao vice da Recopa, passando pela Juventus nas semifinais e caindo, nos pênaltis, frente ao Valência na decisão.

O desempenho nos duelos contra a Vecchia Signora e pouco mais de 500 mil libras o levaram ao Delle Alpi. Chegava ao fim uma trajetória de 307 jogos e 59 gols pelo Arsenal. Pela Juve, o craque foi bicampeão italiano em 81 e 82, marcando o gol do segundo título. Com a chegada de Platini a Turim e a restrição de dois estrangeiros por equipe no Calcio, Brady transferiu-se para a Sampdoria, depois para a Inter (84-86), até encerrar sua aventura italiana pelo Ascoli (86/87). Em 87 voltou à Inglaterra para defender o West Ham, clube que defendeu até 90.

Chippy, como ficou conhecido em razão da preferência pelo tradicional Fish&Chips, defendeu a seleção irlandesa em 72 ocasiões, tendo marcado 9 gols. Jamais defendeu a seleção em um torneio expressivo, devido a uma suspensão antes da Euro 88 e da aposentadoria dos jogos internacionais durante as eliminatórias para a copa de 90. Em sua despedida contra a Alemanha Ocidental, foi substituído aos 35 minutos pelo desafeto Jack Charlton. Quando percebeu que a Irlanda iria ao mundial, tentou voltar mas foi barrado por Charlton.

Brady pendurou as chuteiras em 90, para assumir a função de manager do Celtic entre 91 e 93, para na seqüência exercer o mesmo papel no Brighton&Hove Albion. Nesta função, esteve muito distante de exibir o mesmo brilhantismo que demonstrara em campo com seu passe refinado e domínio apurado. Comenta-se que Liam apostou em jogadores que fracassaram, fez maus negócios e gerenciou verbas com pouca habilidade.

Após fracassar na empreitada como manager, retornou ao Arsenal em 96 como diretor das categorias de base. Sob sua supervisão, foram revelados David Bentley, Jermaine Pennant, Ashley Cole, Steve Sidwell, Moritz Volz e Jeremie Aliadiere. Curiosamente, foi convidado para a posição de manager após a saída de Bruce Rioch. Com sua desistência, abriu espaço para um tal Arsene Wenger. Tendo permanecido na função, que exerce até hoje, venceu a FA Premier Youth League em 1997-98, a FA Premier Academy League sub-17 em 2001-02, a FA Youth Cup em 1999-00 e 2000-01, além da FA Premier Academy League sub-19 em 2001-02. Em 2006 Brady foi escolhido para integrar o hall da fama do futebol inglês, em reconhecimento à sua valiosa contribuição para o esporte no país.

Ficha
Liam Brady
13/02/1956, Dublin, Irlanda

Clubes que defendeu:
1973/74: Arsenal
1974/75: Arsenal
1975/76: Arsenal

1976/77: Arsenal
1977/78: Arsenal
1978/79: Arsenal

1979/80: Arsenal
1980/81: Juventus
1981/82: Juventus
1982/83: Sampdoria
1983/84: Sampdoria

1984/85: Inter

1985/86: Inter

1986/87: Ascoli

1987/88: West Ham

1988/89: West Ham

1989/90: West Ham
Seleção:
Jogos: 72
Gols: 9

Principais títulos:
- FA CUP (1979)
- Campeonato Italiano (1980/81)

- Campeonato Italiano (1981/82)

domingo, agosto 12, 2007

Resenha de "Inacreditável - a batalha dos Aflitos" 

No atual cenário modorrento que caracteriza o Campeonato Brasileiro, é sempre bom refletir acerca do que faz do futebol algo mais importante que uma questão de vida ou morte, como sentenciou certa vez Bill Shankly, ex-técnico do Liverpool. Afinal, uma excelente partida de futebol precisa ter ao menos um de dois ingredientes: qualidade ou emoção. Qualidade pode ser técnica ou tática. Já a emoção pode se originar de tradição, rivalidade, do formato de determinados torneios, de situações específicas num jogo ou ainda de aspectos aparentemente sobrenaturais. E é justamente nesta última categoria que se encaixa o jogo Náutico e Grêmio, disputado em 26/11/2005 no estádio dos Aflitos e válido pela última rodada do quadrangular decisivo da série B.

O DVD “Inacreditável – A batalha dos Aflitos” atinge com louvor o objetivo de retratar o épico retorno do Grêmio à primeira divisão. Fruto de valioso levantamento jornalístico, a obra inicia-se com a queda, por si só dramática, da equipe gaúcha à segunda divisão em 2004. A partir deste ponto, combina com maestria a descrição da jornada gremista dentro de campo, jogo a jogo, com testemunhos de torcedores ilustres, com destaque para Luiz Felipe Scolari. Além disso, é possível acompanhar os comentários de jogadores, técnico, dirigentes e jornalistas que participaram ou acompanharam de perto a campanha gremista naquela temporada.

Interessante notar que a Batalha dos Aflitos foi apenas o clímax de uma campanha permeada por altos e baixos, sempre com intensa carga emocional. Foram inúmeras as partidas com gols, feitos e sofridos, nos acréscimos, expulsões, estádio sem torcida, turbulência nos bastidores e crises de confiança. O DVD tem o mérito de resgatar com precisão a trajetória até a partida decisiva de Recife.

E é exatamente a cobertura do épico embate ante o Náutico o ponto alto do DVD, sem sombra de dúvida. A começar pelos bastidores da partida, como o vestiário gremista submetido ao cheiro de tinta, querosene e gasolina ou barulho de sirene e buzina. As cenas do jogo, em que o Náutico perdeu dois pênaltis e o Grêmio conseguiu vencer com seis jogadores em campo, além da intervenção da polícia militar para acalmar os ânimos exaltados, são inesquecíveis. Detalhes como Sandro Goiano cavando um buraco na marca da cal quando do segundo pênalti, também não passam despercebidos. Enfim, produção, direção e roteiristas souberam captar com perfeição os momentos memoráveis da partida.

Também chama a atenção a qualidade técnica do filme, algo raro quando falamos de produções nacionais sobre futebol. A narração de rádio utilizada para a partida final agrega ainda mais emoção ao DVD. Por fim, os depoimentos inusitados de torcedores ilustres que acompanharam o jogo em situações distintas e a seção de extras são outros pontos de destaque. Ouvir o adolescente Anderson explicar o que se passou em sua cabeça durante o lance do gol, ajuda a manter viva e esperança em nosso futebol.

Após assistir ao DVD, fica um pouco mais fácil entender por que amamos tanto o futebol. Afinal, em nenhum outro esporte do mundo teríamos uma Batalha dos Aflitos.

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