<$BlogRSDUrl$>

domingo, novembro 25, 2007

“Relembre o jogador: John Faxe Jensen” 

Zebra - s.f. designação geral dos mamíferos perissodáctilos, da família dos equídeos, com a pelagem às riscas; Fenômeno cuja intensidade e freqüência distingue o futebol dos demais esportes.
Com o fim das eliminatórias para a Euro-08, muitos são os debates sobre o vexame inglês dentro de Wembley. “Ah, mas isso não se compara ao título da Grécia na Euro-04, aquilo sim foi zebra”, dirão alguns. Agora, os amantes e estudiosos da zebra celebram este ano algo que põe a conquista grega no chinelo. Há 15 anos a Dinamarca sagrava-se campeã da Euro-92.

Para começo de conversa, a Dinamarca nem mesmo se classificou para o torneio. Ela herdou a vaga da Iugoslávia, eliminada em decorrência da carnificina que se desenrolava em seu território. Não satisfeita em ser a penetra do torneio, a Dinamarca caiu no “tranqüilo” grupo que tinha a Suécia, dona da casa; Inglaterra e França. Como moleza pouca é bobagem, o confronto das semifinais foi contra a Holanda de Van Basten, Gullit, Rijkaard, Bergkamp e Koeman. O título épico veio num categórico 2 x 0 contra a Alemanha, então campeã do mundo. Naquela noite iluminada de 26 de junho, o placar foi aberto por John Jensen.

Um início bem sucedido
Nascido em Copenhagen no dia 3 de maio de 65, o meio-campista iniciou sua carreira no Brondy, onde teve atuação destacada durante a fase vitoriosa do clube na segunda metade dos anos 80. Como reconhecimento, Jensen foi eleito o jogador dinamarquês do ano em 1987 e convocado para a seleção nacional.
Tamanha exposição o fez trilhar um caminho natural e o jogador transferiu-se para o Hamburgo em 88. No entanto, a passagem pelo clube alemão trouxe os primeiros dissabores e, em 1990, Jensen já estava de volta ao Brondy. Retorno este que acabou sendo positivo para o atleta, já que o Brondy surpreendeu e alcançou as semifinais da Copa da Uefa no ano seguinte, caindo diante da Roma.
A consagração na Euro e a aventura na Premiership
Com presença constante nas convocações da seleção e a exclusão da Iugoslávia, em 1992 Faxe, como Jensen era conhecido, teve a oportunidade de disputar a Eurocopa na Suécia. A campanha impressionante e o título assombraram o mundo. Todos queriam conhecer quem eram aqueles companheiros de Schmeichel e Laudrup. O gol marcado na final, em belo chute de primeira da entrada da área, foi o único anotado pelo jogador no torneio e despertou o interesse do Arsenal de George Graham. Em 1992 Jensen faria sua primeira temporada em Highbury.
Pelos Gunners, o jogador teve uma passagem ao mesmo tempo vitoriosa e decepcionante. A parte vitoriosa corresponde aos títulos da Copa da Inglaterra e da versão da atual Carling Cup em 92-93. Na temporada seguinte, sagrou-se campeão da Recopa, torneio em que foi vice-campeão em 94-95.
Já a decepção veio por conta dos gols marcados pelo time londrino. Na verdade, o gol. Jensen foi contratado justamente por causa do gol anotado contra a Alemanha na final da Euro. Ocorre que pelo Arsenal o volante atuou em 132 partidas e marcou um golzinho solitário. Tamanha expectativa virou até música entre os torcedores na época, que durante os jogos passaram a pedir que Jensen chutasse a gol, independentemente de onde ele estivesse com a bola. E o tento veio na partida de número 98, contra o Queens Park Rangers no dia 31 de dezembro de 94, para delírio da torcida. Por isso o leitor não deve estranhar se um dia vir um torcedor do Arsenal usando a camiseta “eu vi o gol de John Jensen”. O mais curioso é que durante sua passagem pelo Arsenal, o volante fez dois gols pela seleção nacional, onde obviamente jogava com muito menos freqüência. Pela seleção Jensen teve 69 aparições entre 1987 e 1995, tendo marcado 4gols.
O fim da carreira e a experiência como técnico
Em 96 Jensen deixou o Arsenal e retornou ao Brondy. Três anos depois, anunciou sua aposentadoria e aceitou o convite para treinar o pequeno Herfolge, onde novamente surpreendeu ao vencer o campeonato dinamarquês em sua primeira temporada no clube. Em 2000 foi eleito o treinador do ano, mas infelizmente a realidade de time pequeno falou mais alto e o clube foi rebaixado para a segunda divisão em 2001. No ano seguinte ele retornou novamente ao Brondy, dessa vez como assistente do técnico Michael Laudrup, onde ficou até o ano passado.
Em 2007 Laudrup assumiu a função de manager no Getafe. John Jensen decidiu acompanhar o chefe e hoje trabalha como assistente no time da região metropolitana de Madri.

Ficha
John Jensen
03/05/1965, Copenhagen, Dinamarca

Clubes que defendeu:
1986/87: Brondy
1987/88: Brondy

1988/89: Hamburgo

1989/90: Hamburgo

1990/91: Brondy

1991/92: Brondy

1992/93: Arsenal

1993/94: Arsenal
1994/95: Arsenal
1995/96: Arsenal
1996/97: Brondy

1997/98: Brondy

1998/99: Brondy
Seleção:
Jogos: 69
Gols: 4

Principais títulos:
- Campeonato Dinamarquês (1987)

- Campeonato Dinamarquês (1988)

- Campeonato Dinamarquês (1990)

- Campeonato Dinamarquês (1991)

- Eurocopa (1992)

- FA Cup (1993)

- Carling Cup (1993)

- Recopa Européia (1994)

- Campeonato Dinamarquês (1995/96)

- Campeonato Dinamarquês (1996/97)

- Campeonato Dinamarquês (1997/98)

- Campeonato Dinamarquês (1999/00)

- Campeonato Dinamarquês (2004/05)

segunda-feira, novembro 05, 2007

Barcelona - muito mais que um clube 

A resenha do dia 25 de setembro, Futebol, Arte e Cultura, publicada no site da Trivela, analisa um livro que relaciona o futebol a aspectos sociológicos, antropológicos e até religiosos, dando especial ênfase ao papel que o esporte desempenha em questões de identidade cultural, citando o clássico caso da Catalunha.

Já a resenha do dia 12/9 discorreu sobre o DVD do Real Madrid, ao passo que o texto do dia 30 de julho analisou o mais recente livro sobre Ronaldinho Gaúcho. Ora, direta ou indiretamente todos estes caminhos nos levam ao Camp Nou. Dessa forma, trazemos para essa resenha o DVD “FC Barcelona – Mais que um clube”.

Na realidade trata-se de um DVD duplo, sendo que o primeiro tem um enfoque mais institucional, à medida que o segundo traz diversas sessões de extras, mostrando desde as categorias de base do clube até cenas e depoimentos de Ronaldinho Gaúcho.

Quem assiste aos jogos da Liga das Estrelas percebe o desproporcional tempo dedicado a mostrar os cartolas durantes os jogos. Com o primeiro disco do DVD não é diferente. Juan Laporta desempenha papel central e o faz com propriedade, destacando repetidas vezes o papel simbólico que o clube exerce ao unificar, representar e enraizar os traços sócio-culturais da Catalunha, descrita como uma nação sem estado. Isso explica por que o Laporta cita os valores da cultura catalã, o processo de construção do Camp Nou, os 135 mil sócios e 1.600 penhas barcelonistas espalhadas pelo mundo.

Também merecem destaque as partes que retratam o forte vínculo, explicado pela evidente afinidade de valores, entre o Barcelona e a escola holandesa de futebol, além do apreço pelo futebol bem jogado, traço indelével do DNA do clube. Não é à toa que nos últimos 30 anos vestiram o manto blaugraná ninguém menos que Cruyff, Schuster, Maradona, Koeman, Stoichkov, Laudrup, Romário, Ronaldo, Rivaldo, Ronaldinho Gaúcho, Eto’o, Messi e Henry. Não deixa de ser curioso ver Bernd Schuster desmanchando-se em elogios ao Barcelona e Maradona ser comparado a Picasso.

O segundo disco traz uma interessante seleção de partidas do Barça em torneios europeus, a trajetória que levou ao título espanhol de 2005, imagens e depoimentos de Ronaldinho Gaúcho e uma seção específica sobre o centro de treinamento do clube. Destaque positivo para as cenas que mostram as jogadas sobrenaturais do camisa 10 dentuço e negativo para os quase 20 minutos usados para descrever o CT do clube. Mesmo assim esta parte do DVD permite aos telespectadores ver Lionel Messi em seus 14 anos fazendo diabruras nas categorias de base.

Apesar de poucos, o DVD também tem seus pontos baixos. A trilha utilizada em diversas cenas, mistura de dance music com house, destoa das belas imagens. A parte sobre o título da liga em 2005 é excessivamente longa. Também poderiam ter sido mostrados mais lances de Ronaldinho Gaúcho. Além disso, a ala saudosista que espera rever as genialidades de Ronaldo, Romário e Rivaldo irá se frustrar. O primeiro, por razões óbvias, é citado apenas de relance, ao passo que Rivaldo é o integrante do trio que recebe mais destaque. Por fim, se o material tivesse sido produzido alguns meses depois poderia incluir o memorável título da Liga dos Campeões em 2006.

No cômputo geral, o DVD agrada e merece ser alugado ou até mesmo comprado. O material é bem produzido, os depoimentos reforçam a mensagem e as imagens deliciam os amantes do futebol arte. As cenas mais recentes mostram o invejável poderio ofensivo de Ronaldinho e companhia. Não bastasse isso, o DVD ainda ratifica a aura mitológica que faz do Barcelona, de fato, muito mais que um clube.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?