<$BlogRSDUrl$>

domingo, novembro 30, 2008

Guga, matador de gambás 

Faltando apenas uma rodada para terminar, o Brasileirão 2008 assiste a um conflito de gerações na acirrada disputa pela artilharia. De um lado, Kléber Pereira, Washington e Alex Mineiro. Do outro, Keirrison, Guilherme e, agora um pouco mais distante, Nilmar.

Quinze anos atrás algo semelhante ocorreu. Aos 29 anos, Guga, então pelo Santos, deixou pra trás Clóvis do Guarani e uns tais de Ronaldo, Rivaldo e Edmundo para sagrar-se artilheiro da competição com 14 gols.

Alexandre da Silva nasceu em 14/6/64 no Rio de Janeiro, iniciou sua carreira pela Cabofriense e defendeu a bagatela de 20 clubes pelo mundo afora. Estreou em 84, mas precisou de três anos para alcançar um time de maior expressão, o Atlético Mineiro. Três anos depois chegaria ao Goiás, onde fez dupla de ataque com Túlio Maravilha. Cigano, no mesmo ano defendeu Flamengo (apenas 1 jogo) e Inter-RS.

Em 1992 sua carreira atingiria um novo patamar com a transferência da Inter de Limeira, onde brilhara pelo campeonato paulista, para o Santos. Ao longo de três temporadas pelo Peixe Guga anotou 97 gols (afirma que hoje faria 200, com gramados melhores e concorrentes piores), fez parceria com o também artilheiro Paulinho McLaren e notabilizou-se pelos gols contra o Corinthians, seja pela quantidade ou pela qualidade (www.youtube.com/watch?v=2eiWB-qL6cY). Quem surfar na internet encontrará a comunidade virtual “Guga, matador de gambás” e seus mais de 700 integrantes.

Deixou o clube após atrito com a diretoria, que à época mantinha política “pés no chão” e não aceitou pagar o que o atleta queria receber. Trocou de alvinegro e rumou para o Botafogo.

Fora do Brasil Guga defendeu o Esmeralda Petrolero (Equador), Al Halli (Arábia Saudita) e Cerezo Osaka (Japão). De volta ao Brasil, atuou por agremiações tão distintas quanto Bahia, Araçatuba, Atlético Paranaense, Bangu e Remo, até volta em 2001 para mesma Cabofriense que o projetara 17 anos antes. Em nenhum deles, entretanto, voltou a experimentar a fase vivida no Santos no triênio 92-95. Tinha fim uma carreira rica em gols e quilometragem e pobre em títulos.

Casado e pai de três filhas, Guga associou-se ao ex-colega de Santos Ranielli e investiu em Lotéricas após pendurar as chuteiras. 10 assaltos e três anos depois, desistiu e arriscou-se como empresário de atletas. Decepcionou-se novamente com o que julgou uma mudança radical em relação ao seu tempo de jogador, uma vez que hoje existe a necessidade de fechar contrato com promessas de 12 anos, os garotos e suas famílias já fazem exigências nesta idade e todos são considerados craques.

Hoje Guga está feliz e tem uma “escuna temática” com fotos dos tempos de jogador e transporta cerca de 80 turistas na região de Angra dos Reis/Ilha Grande.

Ficha
Guga

Data de Nascimento: 14/06/1964
Local de Nascimento: Rio de Janeiro, RJ <> Clubes que defendeu:
1984: Cabofriense-RJ

1984: Juventus-AC

1984-1987: Esmeralda Petrolero (EQU)

1987: Itabuna - BA

1987-1989: Atlético-MG

1989: Goiânia-GO

1990: Goiás-GO

1990: Flamengo-RJ

1990: Inter-RS

1991: Inter de Limeira-SP

1992-1995: Santos-SP

1996: Botafogo-RJ

1996-1997: Al Halli (Arábia Saudita)

1997: Cerezo Osaka (Japão)

1997: Araçatuba-SP

1997-1999: Bahia-BA

1999: Atlético-PR

2000: Payssandu-PA

2001: Remo-PA

2001: Bangu-RJ

2001: Cabofriense-RJ


Principais títulos:
- Campeão Equatoriano (1984)
- Campeão Baiano (1997)
- Bi-campeão paraense (2000/01)

domingo, novembro 02, 2008

"Donos da Bola" - Resenha 

Em “Donos da Bola”, Eduardo Coelho, professor de literatura brasileira da UFRJ, se propôs a organizar uma antologia em que reúne diversos autores consagrados da língua portuguesa cujo denominador comum é o futebol como tema central.

De modo geral, o resultado final é um livro leve e agradável, que oferece uma leitura rápida fruto de uma seleção realmente eclética de autores e estilos. Boa parte do mérito de Coelho foi justamente ter navegado em campos como a música (Jorge Bem, Aldir Blanc, João Bosco), o verso (Drummond, Vinícius, João Cabral de Melo Neto) e a prosa (desde José Miguel Wisnik até Luis Fernando Veríssimo, passando por Chico Buarque). Além disso, buscou representantes de Moçambique (Mia Couto), Portugal (Gastão Cruz), femininas (Clarice Lispector) e da belle époque (Lima Barreto), o que impede a monotonia ou o samba de uma nota só. Mesmo assim existe uma concentração de autores nascidos ou radicados no Rio de Janeiro, o que de certa forma limita a abrangência dos textos.

Merecem destaque positivo os textos de Francisco Bosco sobre os apelidos no futebol; Armando Freitas Filho sobre o Maracanã; o de Mia Couto sobre o pebolim; Veríssimo falando de futebol de rua e a importância relativa das coisas, além dos textos de Lima Barreto, interessantes justamente pelo fato do escritor nunca ter gostado de futebol. O autor selecionou também alguns “clássicos”, como o texto de Drummond sobre o gol 1000 de Pelé.

Como em toda coletânea cuja elaboração é marcada por uma boa dose de subjetividade, há também textos questionáveis, como “Cicatrizes” de Luiz Ruffato; “Sexo e Futebol” de Veríssimo e “A procura de uma dignidade” de Clarice Lispector. Os fãs de Chico Buarque também correm o risco de ficar um pouco desapontados. Dentre os autores de destaque que ficaram de fora e poderiam ter enriquecido a obra vale citar Armando Nogueira, Xico Sá, Nelson Rodrigues e Tostão.

Em suma, apesar de básica e “arroz com feijão”, o livro entretém ao atender seu objetivo e ilustrar como o futebol fascinou e fascina mentes brilhantes e diversas da literatura e das artes em geral. Por fim, há incontáveis menções, em geral apaixonadas, à seleção brasileira na obra. Considerando o cenário atual e a tendência para o futuro, este tipo de texto pode estar em extinção e soar apenas como história ou relíquia para as próximas gerações. Seria uma pena, mas vale a pena refletir a respeito.

This page is powered by Blogger. Isn't yours?