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domingo, janeiro 24, 2010

Relembre o jogador - Mauro Silva 

Com o futebol dominado pelos empresários e craques “in vitro” sendo exportados aos 16 anos, além do advento dos pontos corridos, fica cada vez mais improvável um time pequeno ser campeão de alguma coisa digna de nota. Nem sempre foi assim. Não foi assim no Paulistão disputado 20 anos atrás e que viu o Bragantino erguer o caneco.

Aquela decisão projetou nomes como Vanderlei Luxemburgo, Luis Carlos Prima, Nelsinho Batista, Luis Carlos Goiano, Gil Baiano, Robert, Sílvio e os futuros campeões do mundo em 94 Paulo Sérgio, Márcio Santos e Mauro Silva. Com diferente intensidade, frequência e duração, todos brilharam, mas nosso destaque hoje vai para o volante cuja história está intimamente entrelaçada à do Deportivo La Coruña. A incrível história de um jogador que só atuou em times pequenos, que marcou um gol em 430 partidas disputadas e que mesmo assim exibe um currículo pra lá de vitorioso.

Mauro é natural de São Bernardo, filho de um eletricista e caçula de 3 irmãos, e completou 42 anos no último dia 12. Iniciou a carreira profissional no Guarani em 1988, quando foi vice-campeão paulista ante o Corinthians de Viola. Espécie em extinção, defenderia apenas mais dois clubes ao longo de 17 anos de carreira: Bragantino (90-92) e La Coruña (92-2005).

Hoje é fácil dizer, mas na época a troca de Campinas por Bragança Paulista não parecia assim tão promissora. Afinal, Mauro vinha de uma série de contusões gravíssimas no joelho esquerdo e púbis, ambas resultando em cirurgia. Com a pecha de bichado, foi trocado com o Bragantino, junto com mais seis jogadores, pelo anônimo Vitor Hugo. Como azar pouco é bobagem, estorou o outro joelho na quarta partida pela nova equipe.

A despeito de tudo isso, Mauro Silva revelou-se o jogador certo na hora certa no lugar certo. No cenário local, Luxemburgo tinha(tem?) uma grande visão do futebol e montava uma equipe competitiva. Em âmbito internacional, a seleção brasileira amargava uma fila de mais de 20 anos e digeria o fracasso retumbante da Copa na Itália. Falcão tinha sido chamado para renovar radicalmente o grupo e foi então que a janela de oportunidade se abriu diante de Mauro Silva. A primeira convocação veio em ainda 90.

Campeão Paulista, Mauro seguiu no Bragantino e foi vice-campeão brasileiro no ano seguinte sob o comando de Carlos Alberto Parreira, justamente seu técnico na copa de 94. Novamente, a sorte ajudando a competência. De quebra, faturou a bola de ouro da Placar no mesmo ano.

No final de 92, após levar a bola de prata, pintou o convite para atuar no desconhecido La Coruña. Qualquer hesitação foi superada pela ida de Bebeto no mesmo ano. O pequeno time espanhol devia mesmo estar aspirarando uma mudança de patamar.

Na Espanha a adaptação foi fácil e Mauro manteve a cadeira cativa na seleção brasileira. Enquanto o La Coruña fazia sua escalada na Espanha, Mauro sofria com a dramática classificação para a copa de 94, obtida no último jogo, contra o Uruguai no Maracanã.
Veio o mundial dos EUA, mais uma vez os ventos sopraram a seu favor, e Mauro Silva sagrou-se campeão após sete partidas e 616 minutos. Muitos atribuem a ele a solidez que permitiu ao time de Parreira viver dos lampejos geniais de Romário. Mas, capricho do destino, na final contra a Itália não foi o Baixinho quem mais se aproximou do gol. Afinal, quem não se lembra do chute de Mauro Silva, 0 gols pela seleção, que beijou a trave de Pagliuca?

Mesmo após a campanha vitoriosa, o volante preferiu permanecer no La Coruña(teve proposta do Real Madrid), onde em 13 anos conquistou seis troféus (destaque para o campeonato espanhol de 2000) e, mais do que isso, prestígio e respeito difíceis de mensurar.

Em paralelo, seguiu defendendo a seleção, conquistando a Copa América de 97 como homem de confiança de Zagalo. Por pouco não disputou sua segunda copa do mundo em 98(machucou-se na Copa Ouro e perdeu o lugar no time), e vestiu esporadicamente a camisa amarela até 2001, quando disputou as eliminatórias com Felipão e novamente vislumbrou a possibilidade de jogar um novo mundial. Segundo ele, enterrou suas chances ao pedir dispensa da Copa América de 2001.

Fora da seleção depois de 11 anos, Mauro dedicou-se integralmente ao La Coruña por mais quatro anos, deixando a equipe como segundo jogador com mais atuações pelo clube na história. Pendurou as chuteiras no dia 22/5/2005, após um jogo contra o Mallorca no Riazor, e ganhou nada menos que uma rua na cidade com seu nome. Singela homenagem.

Hoje Mauro vive em São Paulo, prestando assessoria a empresas espanholas que atuam no mercado financeiro e imobiliário. Olhando em retrospectiva uma carreira gloriosa, só se arrepende de não ter defendido o tricolor paulista, seu time de coração. Inclusive, conforme revelou à revista Trivela (número 42), seu nome é uma homenagem ao ponta tricolor Maurinho.

Ficha
Mauro da Silva Gomes


Data de Nascimento: 12/01/1968

Local de Nascimento: São Bernardo do Campo, São Paulo<>
Clubes que defendeu:

1988-1989: Guarani-SP

1990-1992: Bragantino-SP

1992-2005: Deportivo La Coruña-ESP

Principais títulos:
- Campeonato Paulista (1990)
- Copa do Mundo (1994)
- Copa do Rei (1995, 2002)
- Supercopa da Espanha (1995, 2000, 2002)
- Copa América (1997)
- Campeonato Espanhol (2000)

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